Hoje pensei em escrever um texto sobre emendas parlamentares, um assunto relevante e que poucas pessoas se atentam. Atualmente, as emendas parlamentares drenam cerca de 25% dos recursos disponíveis para investimento da União, mas esta discussão ficará para outro dia.

 

Estou muito preocupado com o rumo que a sociedade tem tomado. Não é uma questão de esquerda ou direita, mas sim a concentração de poder nas mãos de poucos. Antes, um grupo de mídia concentrava o poder com uma mesma mensagem para todos. Atualmente, as empresas de comunicação, o que chamamos de redes sociais, definem o que estará no seu dispositivo, de forma bem mais complexa do que mudar de canal, sintonia de rádio ou que você compra na banca.

Ontem, 20 de janeiro de 2025, a posse de Donald Trump me fez pensar em como as regras do jogo estão mudando drasticamente. Eu realmente questiono o motivo de tantos ataques às liberdades e à busca por diversidade que a sociedade atual enfrenta. O posicionamento de pessoas tão poderosas em busca de objetivos pequenos como o combate à diversidade não deve ser apenas uma questão de poder e dinheiro, mas uma questão de realmente acreditar no que defendem.

Lembro de muitas conversas que tive com amigos sobre as posturas de algumas pessoas. Em um primeiro momento, pensávamos que a pessoa estava iludida ou não tinha todas as informações do que estava ocorrendo. Entretanto, existe um momento no qual fica claro que não é desconhecimento, e sim convicção.

Os valores individuais e sociais, em meu ponto de vista, estão em cheque e cabe a cada um de nós decidir o que considera correto. Essa decisão evidencia a necessidade de um posicionamento político, o que torna o papel de cada um de nós essencial para a construção de uma nova sociedade, mais justa, combatendo as desigualdades e os preconceitos.

Um exemplo claro de concentração de renda pode ser observado nas big techs. Empresas como Google, Facebook e Amazon detêm grande parte do mercado de mídia e redes sociais. Segundo um relatório da Oxfam Brasil, os CEOs dessas empresas viram sua riqueza combinada aumentar significativamente durante a pandemia de COVID-19, enquanto milhões de pessoas ao redor do mundo enfrentavam dificuldades econômicas.

Não importa se é um pensamento progressista, mais à esquerda, ou conservador, mais à direita, felizmente as pessoas não são iguais. A questão é o respeito ao posicionamento das outras pessoas e, mais ainda, a possibilidade de mudar de opinião. Que tal parar com expressões como “pobre de direita” e “capitalista arrependido”? Independente dos posicionamentos teóricos, uma coisa precisa ficar clara: o jogo mudou e a régua que devemos usar para medir o mundo não é mais a mesma.

Como nos bate-papos com meus amigos, é necessário aceitar em algum momento que as pessoas acreditam no que falam, mas têm o direito de mudar de opinião sem se eximir das consequências de suas ações e defesas prévias.

Para quem deseja se aprofundar mais no tema, recomendo a leitura do relatório da Oxfam Brasil sobre a concentração de renda nas big techs e o livro “Capitalismo de Vigilância” de Shoshana Zuboff, disponível em português, que aborda a influência das grandes empresas de tecnologia na sociedade contemporânea.

Leia mais sobre em:

– Oxfam Brasil. “Pesquisa nós e as desigualdades 2022.”. Disponível em: https://www.oxfam.org.br/um-retrato-das-desigualdades-brasileiras/pesquisa-nos-e-as-desigualdades/pesquisa-nos-e-as-desigualdades-2022/

– Zuboff, Shoshana. “A Era do Capitalismo de Vigilância”. Intrínseca, 2020.

Espero que este artigo tenha trazido uma reflexão sobre a importância do nosso posicionamento político e o papel que desempenhamos na luta por uma sociedade mais justa e diversa. Fico à disposição para continuar esse debate nos comentários.

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O sonho de Minerva

Depois de uma pausa devido à falta de tempo e à invasão do site, o blog está de volta. O texto reflete sobre como a gata Minerva, com seu olfato apurado, percebe o mundo, e como a vida agitada nos impede de apreciar as pequenas coisas. Também enfatiza a importância de encontrar equilíbrio entre as responsabilidades e o tempo para si, incentivando os leitores a reservarem momentos para parar, respirar e observar o mundo ao redor, encontrando beleza e serenidade nas coisas simples.